“O bicho tápegando” debate a crise ambiental no Janete Costa

No dia 19 de junho, às 18h, o museu Janete Costa inaugura a exposição “O Bicho tá Pegando”.  A mostra coloca no centro do debate os desafios do ser humano nesse período de incertezas climáticas e como a arte pode formar uma potente aliança em defesa do planeta.

O projeto curatorial e expográfico de “O Bicho tá Pegando”, que marca a volta de Jorge Mendes ao museu mais charmoso da cidade, foi desenvolvida, de forma orgânica, pela equipe do Janete Costa com a participação de diversos parceiros. O senso comum que movia essa mobilização são os eminentes impactos que a mudança climática global tem em ecossistemas, recursos hídricos e, por consequência, na vida humana.

A exposição traz um tema urgente e reativa o grande desafio de sensibilizar a consciência coletiva sobre as situações emergenciais que alteram as condições de sobrevivência não só no Brasil, como também no Mundo. Nesse contexto, em um cenário tão complexo, a abordagem escolhida na foi a de fluir junto às pessoas, por meio de trajetórias e histórias, estratégias atuais de conscientização, mobilização e reflexão sobre os desafios atuais. Na expografia de Jorge Mendes as obras se unem para elaborar revisões do nosso modo de viver e possíveis respostas para uma sociedade mais sustentável.

Para o curador Jorge Mendes, “‘O Bicho tá Pegando’ aborda questões urgentes relacionadas às mudanças climáticas . Através das obras de diversos artistas populares, são abordados temas que provocam a reflexão e a ação, inspirando novas atitudes para a proteção do meio ambiente e valorização das raízes ancestrais do Brasil”. A exposição temporária do Janete Costa está dividida em seis setores: Onças Pantanal; Água e Rios Secos; Tráfico de Animais; Rios Voadores; Demarcação Já; e Ancestralidade e Manto Tupinambá. Nos três primeiros setores, as obras de artistas populares de diversas regiões do Brasil estão dispostas de maneira a provocar uma sinestesia angustiante diante do caos, da desordem.

Comum olhar profundo sobre a caça ilegal, o desmatamento, as queimadas, as secas e inundações, o visitante testemunha não o futuro hipotético, mas o presente real, catastrófico, provocado pelas ações antrópicas. “Rios Voadores” fala da resiliência, mostra a tentativa da natureza em se recompor, refazer, renascer. Seu destaque é uma grande escultura em formato de cobra, confeccionada por indígenas, que traz consigo a simbologia da força vital, do renascimento, da renovação, da criação, da ressurreição, da vida e morte. Ela nos revela uma transição do caos à esperança. E é o que o público também irá encontrar em “Demarcação Já” e “Ancestralidade e Manto Tupinambá”: memória e resistência, um retorno às origens, aos valores e lutas dos povos originários. “O Bicho tá Pegando” nos propõe uma urgente tarefa, de revisitar o passado para reconhecer o presente e traçar futuros. 

Artistas Faguinho (AL), Getúlio Damago(RJ), Dila (CE), Elosman (CE), Carmézia Emiliano (RR), Joe Alcântara (AM), JoséAlcântara (AM), Mestre André da Marinheira (AL), Miramar Borges (MG), Farias,Mestre Petrônio (AL), Bento de Sumé (PB), Rafa B. (PA), Adão de Lourdes (MG),Oziel Dias (PB), Roberto Vital (PE) e Etnia Mehinako (MT).

“Não quero fogo, quero água.

Deixa o mato crescer em paz…

Deixa a onça viva na floresta…

Deixa o índio vivo.”

“Borzeguim”, Tom Jobim

As mudanças climáticas são as alterações nas temperaturas e nas condições de vida do planeta devido ao aumento – principalmente após a Revolução Industrial – da queima de combustíveis fósseis e do consequente descontrole do efeito estufa.

Essas mudanças têm feito com que as temperaturas da atmosfera, das superfícies dos continentes e dos oceanos se elevem de forma extremamente rápida, fazendo com que vários dos ambientes e diversas formas de vida estejam em risco.

Outras questões envolvem, também, o desmatamento de florestas, aterros para lixo, edificações e mau uso da terra, resultando na deterioração do meio ambiente. Adicionalmente, processos como a intensa erosão do solo, as inundações, o assoreamento de reservatórios e cursos d’água são consequências dessas práticas desordenadas.

Para refletir sobre essas questões urgentes, apresentamos a exposição “O bicho tá pegando”, uma mostra de arte popular brasileira que além de divulgar e dar visibilidade ao trabalho de diversos artistas, propõe ainda uma imersão instigante nas questões ambientais e culturais do Brasil.

A exposição está dividida em setores, cada um elaborado para provocar emoções e reflexões profundas.

Começamos pela região do Pantanal, abordando o perigo das queimadas e fazendo um tributo à onça-pintada, nosso maior felino, hoje tão ameaçado de extinção devido às mudanças drásticas em seu habitat.

No setor das águas, abordamos a dualidade entre abundância e escassez, a seca e as inundações que assolam diversas regiões do Brasil e os impactos causados na nossa fauna e flora. Uma instalação faz referência aos chamados “rios voadores”, destacando a importância da Floresta Amazônica para o equilíbrio das águas e do clima.

A caça ilegal de animais silvestres, que contribui para o desequilíbrio ecológico, causando mudanças na cadeia alimentar e na biodiversidade, está representada pela forma cruel em que esses animais são mantidos, armazenados e enviados para serem comercializados.

Encerramos a mostra com questões relacionadas às populações indígenas. As lutas, artes e resistências desses que são os habitantes originários do território brasileiro, uma inspiração para atitudes relacionadas à proteção do meio ambiente e de valorização das nossas raízes ancestrais.

Jorge Mendes, curador

Serviço

Exposição “O bicho tá pegando”

Curadoria: Jorge Mendes

Abertura: Quarta-feira, 19 de junho, às 18h

Visitação: De 20 de junho a 20 de outubro de 2024

Horário: Terça a domingo, de 10 às 17h

Entrada: Gratuita

Classificação: Livre

Local: Museu Janete Costa de Arte Popular

Endereço: R. Pres. Domiciano, 178 – São Domingos, Niterói

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