Museu Janete Costa inaugura exposição ‘Léa: Negra Atriz da Liberdade’

No dia 12 de março, terça-feira, às 18h, o Museu Janete Costa de Arte Popular lança a exposição ‘Léa: Negra Atriz da Liberdade’, em homenagem à trajetória artística de uma das primeiras mulheres negras a atuar na televisão brasileira.

Na mostra, que ficará aberta à visitação até 12 de maio, será colocado à disposição do público um vasto material que inclui diversas colagens, fotografias, textos originais, desenhos, objetos cênicos, figurinos, jornais, revistas e muito mais sobre a essência e o trabalho da artista e ativista. O acervo conta também com itens que remetem ao Teatro Experimental do Negro, companhia teatral brasileira, fundada por Abdias do Nascimento em 1944, no qual Léa Garcia estreou como atriz aos 19 anos de idade e teve expressiva participação durante sua atividade profissional.

“Nesse mês de março, no qual os holofotes estão direcionados a todas as mulheres, para mim, enquanto uma mulher negra, é uma grande honra receber e abrir ao público essa exposição, que expressa movimentos que visam romper com o sistema patriarcal e com a barreira histórica cultural de mulheres negras nas artes” comemora Juli Costa, diretora do Museu Janete Costa.

Micaela Costa, presidente da Fundação de Arte de Niterói (FAN), destaca a importância e o protagonismo da homenageada. “Falar de Léa Garcia é uma honra e um dever para nós que temos a tarefa de fomentar a cultura da nossa cidade. Léa, uma atriz negra de primeira categoria, teve imensa contribuição no enfrentamento ao racismo, abrindo caminhos para tantos outros artistas negros no teatro, na TV e no cinema brasileiros”, conclui.

LÉA GARCIA

Léa Lucas Garcia de Aguiar nasceu na cidade do Rio de Janeiro, em 11 de março de 1933. Tornou-se atriz quando esse não era um ofício comum para mulheres negras. Filha de Stela Lucas Garcia e José dos Santos Garcia, passou a morar com sua avó aos 11 anos, quando sua mãe morreu. Desde jovem, demonstrou o desejo de se envolver com o universo artístico, mas em outro campo. Queria cursar Letras para ser escritora.

A poesia do escritor negro João da Cruz e Sousa (1861-1898) teve grande influência nas reflexões de Léa sobre a negritude no Brasil. Aos 16 anos, conheceu o TEN – Teatro Experimental do Negro e ingressou na companhia liderada por Abdias do Nascimento, com quem se casou e teve dois filhos.

Léa estreou como atriz em 1952 em um espetáculo de Abdias, ‘Rapsódia Negra’. Primeira aparição em público, com o grupo do Teatro Experimental do Negro, ela interpretava poesia de Castro Alves. A partir de então, a paixão pelas artes cênicas se impôs. Ainda no teatro, se destacou na peça ‘Orfeu da Conceição’ (1956), de Vinicius de Moraes. Cotada primeiro para ser Eurídice, Léa Garcia se encantou com a personagem Mira e conseguiu o papel.

Trabalhando em teatro, TV e cinema, Léa Garcia consolidou uma carreira de papéis marcantes como a Rosa, de ‘Escrava Isaura’, novela que a tornou conhecida do público, e venceu a barreira dos personagens tradicionalmente destinados a atrizes negras. Tornou-se, assim, uma referência para jovens atores e admirada pela qualidade de suas atuações.

Léa morreu em 15 de agosto de 2023, aos 90 anos, na cidade de Gramado, onde estava para receber o Troféu Oscarito no Festival de Gramado.

A exposição vem homenagear a premiada artista e trazer aos olhos e olhares muito de sua obra, suas fontes inspiradoras, seus textos e roteiros, sua forma única na construção de seus personagens e muito do imaginário do TEN, Teatro Experimental do Negro.

SERVIÇO

Exposição: “Léa: Negra Atriz da Liberdade”

Local: Museu Janete Costa de Arte Popular

Endereço: Rua Presidente Domiciano, 178 – São Domingos, Niterói

Abertura: Terça-feira, 12 de março, às 18h

Período: De 12 de março a 12 de maio de 2024

Horário: De terça a domingo, das 10h às 17h

Entrada franca

Classificação indicativa: livre

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