Técnica amplamente difundida no exterior permite o manejo da arritmia cardíaca de forma mais segura e precisa
No dia 18 de junho, equipe de Cardiologia do Hospital Icaraí, através do setor de arritmia realizou a primeira cirurgia de fibrilação atrial com ablação por campo pulsado (PFA), procedimento inovador no tratamento da fibrilação atrial que já vem sendo amplamente utilizado na Europa e nos Estados Unidos com enorme eficiência e aceitação.
“A novidade nesse procedimento foi a utilização da ablação por campo pulsado (PFA), uma nova tecnologia aplicada no tratamento por ablação da fibrilação atrial. Trata-se de uma nova forma de energia capaz de gerar lesão da célula responsável pela fibrilação atrial”, explica o Dr. Claudio Munhoz, cardiologista do Hospital Icaraí e um dos responsáveis pela cirurgia.
O procedimento foi realizado pela primeira vez no Brasil, no Hospital Icaraí, com equipe de arritmia composta pelos cardiologistas do próprio hospital, Dr. Claudio Munhoz e Dr. Nilson Araujo.
Os pacientes já receberam alta e estão em casa. São 2 homens, de 62 anos e 45 anos e uma mulher 69 anos.
“Hoje, nós temos a oportunidade de trazer essa tecnologia para a nossa unidade, fazendo com que o Hospital Icaraí tenha uma posição de destaque no cenário nacional no lançamento de novas tecnologias para o manejo de arritmias cardíacas”, afirma.
Segundo o Dr. Claudio, a fibrilação atrial é uma arritmia bastante comum no dia a dia da Cardiologia e traz uma série de problemas para o paciente, principalmente sintomas como palpitação, falta de ar, desconforto no peito. Além disso, um dos grandes problemas da fibrilação é o fato da doença ser um importante fator de risco para o acidente vascular cerebral (AVC).
Munhoz explica que, para evitar as complicações que vêm da fibrilação atrial e do AVC, é necessário que seja feito seu tratamento através do uso de medicações antiarrítmicas e anticoagulantes, bem como o controle de fatores de risco com hipertensão, diabetes e insuficiência cardíaca.
“Muitos desses pacientes não respondem a essas medicações antiarrítmicas ou têm efeitos colaterais. Nessas situações, lançamos mão da ablação, que é um procedimento realizado por um eletrofisiologista e em que, através de um catéter introduzido no corpo pela veia femoral, consegue-se atingir o átrio esquerdo a fim de cauterizá-lo e promover o tratamento da fibrilação”, explica.
O cardiologista complementa que a ablação é um procedimento feito há mais de 20 anos no Brasil e com uma ótima taxa de sucesso. Hoje são utilizadas duas tecnologias nesse procedimento: a radiofrequência e a crioenergia. Em ambas tecnologias, é feita uma lesão na célula cardíaca do paciente, ou por calor ou por frio. Desta forma consegue-se eliminar as células do coração causadoras da fibrilação atrial.
“Diferentemente da radiofrequência e da crioenergia, que são as tecnologias usadas habitualmente, a ablação por campo pulsado não é térmica e, tem uma seletividade pelas células do coração. Por esta razão a PFA é uma forma de energia que não lesa outras estruturas próximas ao coração, como, por exemplo, o esôfago”, explica o especialista.
Munhoz lembra que, ao fazer a ablação por radiofrequência, é preciso tomar muito cuidado com estruturas adjacentes ao coração e, no caso da crioenergia, pode-se danificar o nervo frênico, que é uma estrutura que passa próximo ao coração.
“A ablação por campo pulsado tem uma seletividade pelo músculo do coração e esse procedimento não lesa nem nervo e nem musculatura lisa, no caso do esôfago. Em suma, esse procedimento inovador traz mais segurança na ablação se comparado a outros procedimentos já utilizados. E ademais, essa técnica tem a mesma eficácia das outras energias e o procedimento é mais rápido e seguro”, finaliza.