Bamberê

Espetáculo infantojuvenil “Bamberê” celebra as infâncias negras, indígenas e periféricas no Sesc Niterói

Grupo paranaense totalmente formado por artistas negros e indígenas reflete sobre identidade, pertencimento e mostra que, com imaginação, é possível criar muito com pouco

Teatro, música ao vivo, dança e brincadeiras se encontram no palco em “Bamberê”, espetáculo que valoriza o saber e a cultura das periferias, do povo preto e dos indígenas, convidando o público a refletir e imaginar novas possibilidades. Realizado pelo Grupo Baquetá, coletivo paranaense formado por artistas negros e indígenas, que há 16 anos se dedica à criação de espetáculos baseados em tradições afro-indígenas. Agora, o musical infantojuvenil chega ao Rio de Janeiro. Em cartaz no Sesc Niterói, neste sábado (10), às 16h. Uma peça voltada para crianças e adolescentes entre 6 e 14 anos, mas também para toda a família. Ingresso gratuito. 

No universo lúdico de “Bamberê”, a brincadeira é ponto de partida para reflexões sobre identidade, pertencimento e respeito à diversidade. “A principal mensagem é que a gente não precisa de muito para brincar. A brincadeira nos leva para vários mundos possíveis. E que todas as infâncias — negras, indígenas, periféricas — são legítimas, bonitas e cheias de potência”, reflete Kamylla, idealizadora do espetáculo. 

Bamberê é como as avós amazônicas chamam suas canções de ninar. Uma palavra encontrada pelo grupo em um dicionário de línguas africanas. “Todos os trabalhos do Baquetá têm nomes africanos ou indígenas e este não poderia ser diferente. Criamos o espetáculo pensando em crianças de uma região periférica de Curitiba, onde muitos pais trabalham com reciclagem”, explica. Sendo assim, grande parte dos bonecos e instrumentos musicais foram feitos com materiais reciclados, conectando o universo infantil ao debate ambiental sobre sustentabilidade. “Queríamos mostrar que é possível transformar materiais do dia a dia em diversão”, ressalta.

No espetáculo, brincadeiras populares, como as vividas por crianças do interior e das periferias urbanas, convivem com ritmos afro-brasileiros urbanos, como coco, funk e rap. Todas as músicas e histórias são autorais, construídas a partir das vivências dos próprios artistas do grupo. “A gente queria falar da roça, então fomos até ela. Queríamos falar da água, então tomamos um banho de cachoeira. As músicas nasceram assim, da experiência direta com o mundo. Eu, por exemplo, moro na Mata Atlântica, em Morretes, e muitos integrantes do grupo têm esse contato diário com a natureza”, conta a idealizadora.

O espetáculo propõe reflexões em camadas, acessando tanto o olhar das crianças quanto dos adultos. “Em cada cena a gente vai adentrando temas específicos sobre a nossa sociedade, que vão acessando o público de diferentes formas de acordo com a faixa etária”, explica.

Mais do que entreter, “Bamberê” cumpre um papel educativo, alinhado às Leis 10.639/03 e 11.645/08, que tornam obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira e indígena nas escolas. O espetáculo amplia o repertório da plateia através da diversidade cultural e patrimônio histórico de diferentes povos brasileiros.

Este projeto é realizado através do Edital de Cultura Sesc RJ Pulsar, iniciativa do Sesc RJ, que incentiva a produção artística e cultural em suas diversas manifestações. Além disso, o espetáculo está na programação do projeto O Corpo Negro Indígena – 5ª edição, que terá realização nos meses de maio e junho.

Bamberê

Grupo Baquetá

Fundado em 2009, o Grupo Baquetá soma sete espetáculos ativos e tem sido reconhecido em diversos prêmios nacionais por sua atuação artística e educativa. Recentemente, foi contemplado com o 8º Prêmio Leda Maria Martins, o Prêmio Pedro Paulo da Silva e o Prêmio Pretas Potências, além de circular por programas como o Sonora Brasil e o Palco Giratório.

SERVIÇO:

Sesc Niterói

Data: 10 de Maio (sábado)

Horário: 16h

Endereço:  R. Padre Anchieta, 56 – São Domingos, Niterói – RJ

Ingresso: Gratuito

Duração: 60 min

Classificação: Livre

FICHA TÉCNICA:

Composições e Dramaturgia: Grupo Baquetá

Elenco: André Daniel, Kamylla dos Santos, Maycon Souza, Renan Otah

Cenografia : Maikon Gueiros

Figurino: Leonilda Santos e Edna Santos

Direção artística e de produção: Kamylla dos Santos

Assistência de produção: Larissa Maris

Produção Local: Camila Mira

Iluminação: Bianca Lima e Nathan Gabriel

Operação de som: Raquel Brandi e Maria Clara

Assessoria de imprensa: Monteiro Assessoria

Design: Keyla Lima

Libras (na apresentação de Madureira): Sheila Martins dos Santos 

Audiodescrição: Imagética Acessibilidade