Estudantes da UFF participam de mostra comemorativa que ocupa diversos postes da orla do Gragoatá
Desde o último sábado (27/01), quem passa pela orla do Gragoatá pode admirar a Mostra Comemorativa aos 27 anos da Galeria do Poste. A exposição, que é uma parceria com o Caminho Niemeyer e a Universidade Federal Fluminense (UFF), se estende por cerca de um quilômetro ao longo da orla da Avenida Litorânea e conta com intervenções artísticas em diversos postes. São 29 expositores, todos estudantes do curso de Artes da UFF, que exploram desde os mais diversos sentimentos, aos olhares sobre o cotidiano.
O ponto de partida para a visitação é a sede da Galeria do Poste, na Rua Engenheiro Roberto Velasco Cardoso, 10. A exposição ficará disponível até o fim de fevereiro.
Ricardo Pimenta, idealizador e curador da Galeria do Poste, comemora a parceria firmada entre eles, o Caminho Niemeyer e a UFF: “Em quase 30 anos, é a primeira vez que nosso espaço recebe essa atenção. E receber os alunos é, além de uma oportunidade de renovar nossos artistas, dar espaço a esses novos talentos”.
Certo de que todas as ações que acontecem dentro do território que integra o circuito do Caminho Niemeyer merecem destaque, Fernando Brandão, atual presidente do Grupo Executivo do Caminho Niemeyer, ressalta a importância da ação: “a Galeria do Poste é um espaço de arte democrático e acessível para os artistas locais e isso deve ser valorizado”.
Para Jamile Oliveira, de 19 anos, a experiência é o início de um grande aprendizado. “Participar dessa exposição está sendo muito importante para colocar a criatividade em prática e aprender a criar soluções para lidar com obras expostas na rua”, destaca a estudante que transformou suas experiências em arte no poste “Asas que dançam no ar”. “Estou passando por um momento delicado com a minha família e isso está mexendo bastante com as minhas emoções. Cada borboleta possui cores e formas diferentes para representar todas as transformações que passamos na vida”, destaca Jamile.
E não pense que as abordagens se restringem ao campo da emoção. Pietra Morrey-Jones usou o espaço para fazer uma crítica: “muitas vezes vemos ações que distraem o olhar do povo, tirando a atenção do que realmente importa e direcionando para o que é belo. Isso serve para mídia, governo e muito mais”, considera a artista.
Arte que incomoda
Estar em um espaço público é um desafio diário. Por ser uma exposição a céu aberto, os artistas ficam mais expostos a receber críticas. Foi o que aconteceu com a estudante Tatáliana, que conta sua experiência do contato direto com o público: “foi muito curioso e instigante ver as reações positivas e também negativas quando as pessoas encontravam a gente montando os postes, mas entendo que essa é uma das funções da arte: sacudir o cotidiano das pessoas e dar a elas um novo olhar para algo que passava despercebido”, conta a artista.
Inaugurada em 1997, a Galeria do Poste possui mais de 200 exposições em sua história. Desde então, cada vez mais ocupando um lugar de destaque na cena das artes visuais e com grande notoriedade, a galeria foi convidada para realizar ações similares em cidades como Buenos Aires, Bogotá, Curitiba e Rio de Janeiro.